segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Para não perder ritmo, 'concurseira' vai estudar até em viagem à praia

As últimas semanas do ano podem significar para algumas pessoas descanso, festas, confraternizações, reuniões de família, viagens. Mas, para quem está na maratona de estudos para concursos públicos, os dias de folga tão esperados por alguns podem ser sinônimo de perda de ritmo e, por consequência, da sonhada vaga. É por isso que a advogada Juliana Marins de Freitas, do Rio de Janeiro, planeja continuar estudando mesmo durante a viagem à praia.
Ela irá com a família para Búzios (RJ), mas diz que ficará no quarto estudando para um concurso cujo edital ainda não tem data para sair. A precaução de Juliana, dizem especialistas, deve ser obrigação para quem, diferente dela, já tem marcada a prova para a vaga que almeja. É o caso da pedagoga Kátia dos Santos Landgraf, de São Paulo, que tem exame no dia 23 de janeiro do concurso da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) para o cargo de analista administrativo.
Já Anderson Muniz, do Rio, vai parar de estudar mesmo tendo prova marcada para o dia 27 de fevereiro, e a advogada Flávia Menezes, também carioca, terá uma pausa de cerca de 15 dias para ajudar nos preparativos das festas, e então voltará a estudar para concursos sem editais previstos.
Kátia dos Santos LandgrafKátia Landgraf não pretende dar pausa na
preparação para a Previc (Foto: Arquivo pessoal)
Dicas para manter disciplina
Para Mônica Ferreira Nunes, coordenadora pedagógica do curso preparatório Central de Concursos, “o aluno que vem se preparando há pelo menos seis meses pode até se dar ao luxo de parar, mas se está há menos de dois meses deve continuar para manter o ritmo”.
“Tem alguns candidatos que estão estudando há mais tempo, mas o nível de ansiedade é tão alto que uma pausa gera angústia e a sensação de que deveriam estar se preparando. Se essa ansiedade ao parar gerar sentimento de culpa, é melhor que ele estude”, afirma Mônica. Para quem faz curso preparatório, a coordenadora pedagógica recomenda que, mesmo com sem as aulas diárias, por causa das férias, o candidato estude duas horas diárias em casa, alternando teoria e exercícios.
A quem for parar, a recomendação de Mônica é o máximo de 15 dias de pausa para relaxar e fazer o que gosta. Para Lia Salgado, consultora em concursos públicos e colunista do G1, o candidato que está se preparando com antecedência para um concurso sem edital publicado pode tirar três dias de descanso nos períodos de 24 a 26 de dezembro e de 31 de dezembro a 2 de janeiro. “Isso é bem diferente de parar por duas semanas, porque o grande perigo é levar depois muito tempo para reencontrar disciplina.”
Se a ansiedade ao parar gerar sentimento de culpa, é
melhor que estude"
Mônica Ferreira Nunes,
coordenadora de curso preparatório
A quem está com prova marcada, o conselho de Lia é fazer uma breve pausa nas noites de 24 e 31 de dezembro. “Sem exageros, para ter condições de retomar o estudo o quanto antes, se possível já no dia seguinte, a partir da tarde”, diz. "Claro que a vontade é jogar tudo para o alto e aproveitar o momento de festa, mas é preciso ter clareza de que há um objetivo a ser conquistado e interrupções excessivas atrasam o projeto. Daqui a pouco teremos Carnaval, Semana Santa e a situação se repetirá. Esses períodos podem ser utilizados como tempo extra de estudo para quem trabalha”, diz a colunista.
Fábio Gonçalves, do curso preparatório Academia do Concurso, recomenda que, passadas as festas de fim de ano, o candidato monte um cronograma de estudos voltado para o concurso que mais interessá-lo. No entanto, a partir dessa escolha, ele deve ter como foco passar na prova, sem permitir que nenhum outro evento possa desviar o rumo.
“O ideal é estudar em todos os momentos disponíveis porque certamente outros candidatos estarão focados na prova”, afirma Carlos Eduardo Guerra, professor de direito administrativo e especialista em concursos.
Férias, só do cursinho
Como vai disputar um dos concursos mais concorridos do começo do ano de 2011, o Previc, para o cargo de analista administrativo, a pedagoga Kátia pretende continuar estudando de 8 a 12 horas por dia, mesmo estando de férias no curso preparatório até 10 de janeiro. Ela só vai parar nas noites dos dias 24 e 31 de dezembro.
Kátia não quer repetir a experiência de 2009, quando parou no final do ano, após ter feito o concurso da Receita Federal, em dezembro. “Para retornar aos estudos foi complicado, ainda mais porque a prova foi muito difícil e eu fiquei desanimada. Voltei à rotina graças ao apoio do meu marido”, conta.
A pedagoga vai completar dois anos de estudo em março do ano que vem e está aguardando os editais do concurso para auditor fiscal do município de São Paulo e de analista do INSS. “Eu descobri que cada concurso é um aprendizado e que seu primeiro concorrente é você mesmo, o segundo é a expectativa que você cria em cima de você, e eu aprendi a trabalhar um pouco tudo isso”, diz.
Flávia MenezesFlávia Menezes vai priorizar nesta época do ano os
preparativos para as festas (Foto: Divulgação)
Rotina volta em 2011
A advogada Flávia, de 33 anos, vai parar de estudar uma semana antes do Natal até a primeira quinzena de janeiro para ajudar nos preparativos das festas. Ela pretende disputar concursos para as áreas jurídica e policial, sem prova agendada. A rotina é fazer cursinho de manhã e estudar cinco horas por dia em casa. “Em 2011 eu volto a estudar com foco, sem preocupação de festas, presentes e contas para pagar”, diz.
Anderson Muniz também pretende ter uma pausa de 10 a 15 dias no fim do ano e vai viajar com a família, após ter prestado três concursos bastante concorridos neste ano: Caixa Econômica federal, Ministério Público da União e Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro. Muniz, que tem 20 anos e nível médio de escolaridade, diz que quer passar primeiro em um concurso público para então fazer faculdade de direito.
Anderson Muniz Anderson Muniz também vai descansar após
prestar três concursos (Foto: Arquivo pessoal)
“Quando saiu o edital do MPU fui à loucura porque tinha muitas matérias diferentes do edital anterior e acabei estudando de domingo a domingo”, diz. Assim que voltar da folga ele pretende retomar a rotina de seis horas de estudos por dia. “É uma fila, se você sair dela vai pro último lugar”, diz.
Ele conta que vai prestar os concursos para cargos de nível médio no Tribunal Regional Eleitoral e no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, sem editais previstos, e para escrevente no Tribunal de Justiça de São Paulo, cuja prova está marcada para o dia 27 de fevereiro.
Malas de roupas e de livros
A advogada Juliana, de 33 anos, que pretende estudar até na praia, está se preparando para um concurso previsto para delegado na Polícia Civil do Rio de Janeiro, sem previsão de lançamento. “Se parar um mês de estudar, eu fico desatualizada em relação à jurisprudência e, para o concursando, a atualização é fundamental”, diz.
Juliana conta que trabalha com o pai em um escritório de advocacia em Niterói (RJ) e ainda faz curso preparatório durante três horas e meia por dia e estuda em casa cinco horas todos os dias.
Eu criei uma rotina. Se não estudo, sinto culpa na hora de dormir"
Juliana Marins de Freitas, advogada
Com o tempo, diz ela, “o estudo deixa de ser um fardo e passa a ser prazeroso”, diz. Juliana conta que levará para a praia uma mala de roupas e outra de livros, além do notebook. “Eu criei uma rotina. Se não estudo, sinto culpa na hora de dormir”, comenta.
Juliana está há um ano estudando com afinco e pretende prestar concursos para tribunais também nos cargos de analista judiciário. “Eu tento sair pra curtir, mas lá eu travo e não curto nada porque penso que deveria estar estudando porque eu sei que enquanto eu estou curtindo o concorrente está estudando e eu posso perder a vaga pra ele.”

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